Bernauer Straße: o Memorial do Muro de Berlim e a Faixa da Morte

No coração de Berlim, o Memorial do Muro de Berlim na Bernauer Straße é uma testemunha silenciosa da Guerra Fria. Hoje, o local preserva um trecho da antiga Faixa da Morte, uma zona militarizada do muro. É possível conhecer de perto e do alto a história que transformou a cidade. Conheça os detalhes dessa experiência com a German Routes: 

O Memorial do Muro de Berlim

Situado na Bernauer Straße, o Memorial do Muro de Berlim estende-se por diversos quarteirões. Desde 1990, grupos travaram disputas com construtoras para impedir a destruição completa das construções originais. O memorial foi inaugurado em 13 de agosto de 1998. 

O conjunto é uma exposição ao ar livre, com várias instalações que remontam a história do Muro de Berlim. A visita começa no Centro de Visitantes, onde é possível obter informações detalhadas sobre a construção do Muro, a vida em Berlim dividida e o processo de reunificação alemã. A entrada é gratuita ao longo do dia todo. 

Em seguida, há um trecho original do Muro, com a famosa “Faixa da Morte” logo atrás. Durante os anos mais rígidos da divisão, o local altamente militarizado circundava a barreira a fim de evitar fugas. A área é hoje um espaço de reflexão e memória.

O memorial conta com diversas instalações artísticas, como a East Side Gallery. É possível conhecer a Janela da Memória, que abriga fotos dos momentos de terror do muro. Um mural com as fotos de 138 vítimas do Muro é um convite à reflexão diante dos mortos e feridos em tentativas de cruzar fronteiras. Além disso, placas no chão indicam os locais onde foram construídos túneis clandestinos, como o famoso Túnel 57.

A capela da Reconciliação é outra parte do memorial e marca o local onde havia uma igreja protestante. A antiga construção foi demolida em 1985 e, depois da queda do muro, reconstruída. Durante a reconstrução simbólica, pequenos pedaços da igreja demolida foram misturados à argila das paredes internas da capela. 

O Memorial do Muro de Berlim conta ainda com uma vista panorâmica da história e os trechos intactos do muro. O conjunto inclui o Centro de Documentação do Muro de Berlim, que fica aberto de terça a domingo, das 10 às 18h. Lá estão conservadas placas com fatos históricos, a torre principal e um mirante. Do alto dele, os visitantes podem ter a visão da área total do muro, dos postes de luz originais da época e visualizar a conhecida “Faixa da Morte”. 

A antiga Faixa da Morte do Muro de Berlim

A Faixa da Morte era uma zona de segurança altamente militarizada que impossibilitava fugas de um lado para o outro. Era uma enorme faixa de terra, que ficava entre o Muro de Berlim e uma segunda cerca paralela, construída em 1962. Ao longo de sua extensão, mais de 100 torres de vigilância garantiam uma vista panorâmica de todo o entorno. 

O local tinha o chão coberto de areia ou pequenas pedrinhas para facilitar a detecção de pegadas de pessoas em fuga. Além disso, a Faixa da Morte era composta de alambrados, sistemas de alarme, armas automáticas, e patrulhas com cães.  Do alto, além de detectar fugas, era possível monitorar se os guardas do muro estavam cumprindo suas funções. 

O apelido surgiu da hostilidade deste setor. Muitas pessoas perderam a vida tentando atravessar a faixa da morte depois de serem detectadas pelos guardas ou sistemas de segurança. Além dos atiradores, muitas fugas foram impedidas por minas terrestres. 

Após a queda do Muro de Berlim, em 1989, a Faixa da Morte foi gradualmente transformada em um espaço verde. O local faz parte do Memorial do Muro de Berlim e também é um convite à reflexão sobre as consequências da guerra e da divisão da Alemanha. Hoje, além de conhecer a história de perto, é possível caminhar por trilhas, ir ao playground, pedalar e até mesmo fazer piqueniques nesse local que um dia foi um símbolo da divisão. 

História do Muro de Berlim

No final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em duas frações. Isso representava a disputa ideológica de uma época que posteriormente ficaria conhecida como Guerra Fria. Contudo, as condições econômicas e o modelo de vida apresentavam diferenças gritantes entre o lado Ocidental e Oriental. 

A insatisfação resultou em milhares de fugas, revoltas e de uma repressão violenta do regime. O Muro de Berlim foi a solução encontrada para concretizar a divisão, evitar a fuga em massa e controlar a população. Assim, em 1961 a barreira foi erguida ao longo de Berlim, separando amigos, famílias e vidas. 

A rua Bernauer Straße estabelecia o limite entre os bairros Wedding, como território da França, e Mitte, da parte soviética. O estabelecimento do Muro de Berlim levou milhares de pessoas ao desespero, havendo registros de tentativas de fugas com cordas ou pelas janelas.Por conta dos fatos, a Alemanha Oriental passou a colocar barreiras físicas inclusive nos apartamentos perto do muro. 

A história mais conhecida aconteceu apenas nove dias após o começo da construção. Em 22 de agosto de 1961, a enfermeira alemã Ida Siekmann se jogou da janela do terceiro andar do número 48 da rua Straße. Ela se tornou a primeira pessoa a morrer tentando atravessar o Muro de Berlim. 

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